quinta-feira, 4 de setembro de 2008

APRESENTAÇÃO DA OBRA

NO CANTO ESCURO DO CORAÇÃO

POR QUE NO CANTO ESCURO DO CORAÇÃO


Mário de Andrade, que foi um dos nomes mais importantes do movimento modernista e que ao meu ver, foi o Caetano Veloso dos anos 20 no sentido de criar polêmica, dizia que a obra em si, não importa, o que importa, é a função social da obra. Desde os meus primeiros escritos tenho consciência disto. Seja qual for o gênero, poesia, ou prosa, a obra literária não deve apenas emocionar e encantar deve fazer o leitor pensar, refletir. Mesmo um conto ou crônica engraçados, não podem apenas nos divertir, devem conter uma crítica da realidade.
O senso crítico, a observação do meio sócio-econômico-político em que eu vivia, me inspirou a escrever este romance. Eu tinha 18 anos (que os críticos levem em consideração a inexperiência e o entusiasmo da idade, ao analisarem a obra). Nele, não retrato aqueles que aqui chegaram e fizeram fortuna, tampouco, aqueles que tiveram participação ativa na história do município e têm o devido reconhecimento da cidade. Retrato as personagens anônimas, que aqui chegaram, trazendo seus sonhos, suas perspectivas de trabalho e de melhoria de vida. A maioria vinda do meio rural e creio que muitos de vocês identificar-se-ão com eles. A cidade convidava, seduzia, mas não oferecia oportunidades iguais a todos. Sempre observei, que tinha o outro lado de Ipatinga, que a industrialização ignorava e isto, acarretava sérias conseqüências à própria cidade. Ao mesmo tempo em que propicia uma boa qualidade de vida a seus habitantes, Ipatinga vai adquirindo os mesmo problemas sociais da Capital, a nível proporcional.
O título “No canto escuro do coração” é o ponto em comum dos três protagonistas da história.
1a personagem, Cotinha: Não conto sua história passada, não importa de onde veio. Ela já chegou aqui sem sonhos, seus projetos já haviam sido guardados no canto escuro do coração. Veio mendigar e sobreviver.
2a personagem, Cláudio: Chegou à cidade ainda menino, um escritor em potencial. Idealista, vê seus sonhos esmagados por uma sociedade, que visa o lucro imediato e não tem lugar para a arte. Um certo dia, ele desiste de tudo, mas não tem coragem de jogar os seus escritos fora,, arruma tudo dentro de um guarda-roupa. Isto simboliza, que guardou os sonhos no canto escuro do coração, renunciando a tudo.
3a personagem, Fernandinho: Nascido na cidade, cresceu junto com ela. É conseqüência de suas mazelas e demências. Procura uma oportunidade e quando aprende a sonhar e começa a fazer planos, esbarra em um sistema social, que exclui aqueles que não preenchem os seus padrões pré-estabelecidos. Ele, também desiste e deposita os sonhos no canto escuro do coração.
Nós, de algum modo, também temos sonhos guardados no canto escuro do coração, que a velocidade do tempo e as urgências do momento fazem com que, nos esqueçamos deles.
Espero que gostem do livro, embarquem nesta estação memória e que façam uma boa viagem através do tempo, para a nossa querida Ipatinga do passado. Desejo um passeio emocionante a todos!

DORA OLIVEIRA

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